Quando escrevo esta crónica não sei ainda quem ganhou as eleições nos estados unidos.
Mas sei que nas próximas eleições presidenciais em Portugal, André Ventura terá um resultado muito, mas muito significativo.
Conheço pessoas que votarão nele e, quem sabe, votarão no seu partido – o Chega – nas legislativas que virão a seguir.
As pessoas que votarão nesse fala-barato são as mesmas que votariam Trump. Não são menos inteligentes, nem menos cultas do que quaisquer outros eleitores.
Simplesmente recusam-se a ouvir contra-argumentos, como os fanáticos de clube de futebol ou religião; recusando quaisquer discussões acerca de deméritos que possam ter.
A única maneira que existe de combater isto (e terá que ser feito), será compreendendo estas pessoas.
Trump, Ventura e os seus apoiantes devem ser tratados como crianças, é preciso descer do pedestal da razão e perceber os seus anseios para, só depois, lhes explicar outros pontos de vista, com a mesma paciência e esperança com que se ensina um bebé.
A lógica explica muito pouco, a empatia explica muito mais; a prova disto é que nos parecem parvos os que acreditam que a Terra é plana, mas parecem bondosos os que acreditam em Deus.
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Trumpoia
Houve uma tentativa de “golpe de estado” no Michigan (Estados Unidos).
Há quem ache que Trump é um ditador em potência, esquecendo que nunca nenhum ditador se tornou nisso de um dia para o outro.
Trump já é um ditador. É bom que seja também um ditador frustado.
Foram presas pessoas por conspirarem contra a vida da senadora do Michigan incentivadas pelo presidente/ditador do país.
Felizmente, desta vez, o ataque que estava planeado – consistindo num ataque de 200 homens ao capitólio da cidade – não sucedeu.
Trump – o incendiário, depois do incidente, veio atacar a Governadora Gretchen Whitmer, dizendo que foi “o meu departamento de justiça” que prendeu os conspiradores.
Mas continua-se a achar que o homem é só um narcisista inconsequente.
Há milhentos especialistas que sabem qual é a maneira certa de lidar com Trump; eu não.
Faria o que a consideração que tenho a algo tão fedegoso permitiria: descarregar o autoclismo.
Jornalismo (ou dormir)

O presidente de Cabo Verde (o paraíso na terra) esteve em Portugal e participou, juntamente com Marcelo Rebelo de Sousa, numa acção de voluntariado no Banco Alimentar.
Se Donald Trump soltar um gás, os telejornais abrem de imediato com repórteres em directo para avaliar o impacto ambiental da bufa presidencial. Como a economia de Cabo Verde é irrelevante quando comparada com a de outros colossos mundiais, acha-se que alguém que fez mais pela justiça e democracia de vários países (Cabo Verde, Portugal, Timor-Leste) e que têm ainda a humildade de ir “ajudar” um presidente amigo a promover uma causa social que aparentemente lhe seria completamente alheia, não tem importância suficiente para figurar nem em nota de rodapé.
Esperemos que tenha sido distracção minha.
Eh pá! A EPA foi “tomada”.
A Agência para a Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) é a agência responsável pela proteção da saúde humana e meio ambiente nos Estados Unidos. O seu actual director, Scott Pruitt, foi nomeado pelo presidente Donald Trump no início deste ano. Quem é Scott Pruitt? Entre muitas outras coisas foi o procurador geral do Oklahoma, e nesta sua função liderou pelo menos 13 processos contra a agência que agora dirige. Se isto não fosse suficiente para levantar algumas sobrancelhas, há que lembrar que Pruitt “rejeita que as actividades humanas sejam um contributo primário para as alterações climáticas“, ou então basta ouvir as suas próprias palavras, nas quais se descrevia há pouco tempo como “um líder contra a agenda activista da EPA“.
Deixar o lobo tomar conta do rebanho não parece boa ideia, mas enquanto política for sinónimo de dinheiro, o sucesso será medido em cifrões.
Há no entanto uma ressalva que queremos fazer acerca desta presidência dos Estados Unidos: Neste, como em muitos outros casos, o aparentemente acéfalo presidente Trump é desconcertantemente honesto ao dizer que a escolha de Pruitt significa o “fim da guerra ao carvão“.
Mas para os que acham que Trump tem mais maturidade mental do que um miúdo de 10 anos, é preciso esperar para ver se os cortes de 60% em multas e processos da EPA foram só coincidência, ou se o anúncio feito hoje sobre “deixar cair a Lei da Energia Limpa” será só para substituir por outra lei ainda melhor. O certo é que com gastos de perto de 75 milhões de dólares em armas por ano, a EPA está “equipada” para a luta contra o ambiente pelo ambiente! Não se pense que isto é já o novo director a desperdiçar recursos, nos últimos dez anos esta agência, criada pelo presidente Nixon, gastou mais de 92 milhões de dólares em mobília, mas também com cadeiras a custar mais 4 mil dólares, provavelmente partilham mesas, uma vez que “apenas” gastaram 6000 dólares por funcionário. A boa notícia é que a EPA está a diminuir o número de trabalhadores e portanto não serão necessárias tantas cadeiras.
Nada disto é estranho ou sequer novidade, mas convém lembrar que não é por se arranjar justificação que o errado passa a certo.
Já agora, espreite-se o artigo no Público por Clara Barata.