Ventura Trump

Quando escrevo esta crónica não sei ainda quem ganhou as eleições nos estados unidos.
Mas sei que nas próximas eleições presidenciais em Portugal, André Ventura terá um resultado muito, mas muito significativo.
Conheço pessoas que votarão nele e, quem sabe, votarão no seu partido – o Chega – nas legislativas que virão a seguir.
As pessoas que votarão nesse fala-barato são as mesmas que votariam Trump. Não são menos inteligentes, nem menos cultas do que quaisquer outros eleitores.
Simplesmente recusam-se a ouvir contra-argumentos, como os fanáticos de clube de futebol ou religião; recusando quaisquer discussões acerca de deméritos que possam ter.
A única maneira que existe de combater isto (e terá que ser feito), será compreendendo estas pessoas.
Trump, Ventura e os seus apoiantes devem ser tratados como crianças, é preciso descer do pedestal da razão e perceber os seus anseios para, só depois, lhes explicar outros pontos de vista, com a mesma paciência e esperança com que se ensina um bebé.

A lógica explica muito pouco, a empatia explica muito mais; a prova disto é que nos parecem parvos os que acreditam que a Terra é plana, mas parecem bondosos os que acreditam em Deus.

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Burocracia (ou o jogo do empurra)

Andre05

Em Portugal é comum a “culpa morrer solteira”.

Com o incêndio em Monchique, vem à memória o passado recente de Pedrógão. Como não vir? No entanto faz sentido perguntar o que foi feito.

Todos ouvimos que havia multas para quem não limpasse os seus terrenos. Basta andar um pouco em estradas nacionais para ver que essa medida não resulta. E muitas vezes (serão talvez até a maior parte das vezes?) os terrenos não pertencem a proprietários privados.

Este ano o clima até nos ajudou. Mas como já se percebeu, foi uma oportunidade perdida de reorganizar as nossas manchas florestais e meios de combate aos incêndios.

A grande culpa? Só podemos considerar a burocracia. Ou como o atraso nas “prevenções” resulte em resultados finais iguais aos de sempre.

Burocracia… ou o jogo do empurra de responsabilidades. Ou como deixar arder Portugal.