Como muitos lisboetas cosmopolitas, gosto de ver turistas a apaixonar-se pelo nosso país, mas como muitos outros também fico frequentemente irritado com a presença massiva dos mesmos.
Numa conversa tida há poucos dias no Chiado, com um conhecido cronista e amigo, deparei-me com o dilema que tinha entre as suas posições de esquerda e a opinião real que tinha acerca do que chamou “Invasão de Brasileiros”.
Sendo um “homem de esquerda”, como gosta de retratar-se, a verdade é que tinha sentimentos que ele próprio descrevia como xenófobos para com o brasileiros. Isto acontece porque, segundo ele, em pouco mais de dois meses, houve uma enchente de quadros brasileiros a entrar para empresas portuguesas e, além disto, a quantidade de “portugueses com sotaque” que polulam nos cafés da baixa pombalina é cada mais impressionante.
É importante ter noção de que não existem xenófobos, nem racistas, nem machistas, nem outras coisas que tais. Todos temos tudo isto em nós e o seu oposto também.
Nada disto é especialmente mau, definitivo, ou sequer definidor.
Os actos efectivamente realizados e não o que pensamos fazer, são o que nos define.
Tal como não é traição para um homem casado pensar nas mamas da Pamela Anderson, também não é xenofobia pensar que os estrangeiros estão a ocupar o país.
Saibamos receber, como sempre soubemos, apesar de irritações que deverão ser necessariamente inconsequentes.